BRASÍLIA - Acabou a comida na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A suspensão de uma licitação superfaturada para abastecer a residência oficial com uma quantidade de comida suficiente para alimentar um batalhão, no dia 2 deste mês, vem obrigando Renan, a mulher Verônica Calheiros e os dois filhos a comer fora ou na casa de amigos desde o início da semana.
A licitação preparada pelo setor ligado à Diretoria Geral da Casa previa, entre outros itens da boa gastronomia, 25 quilos de camarão vermelho grande, 20 quilos de frutos do mar, 1,7 tonelada de 33 tipos diferentes de carnes, sendo 100 quilos de filé mignon, além do trivial arroz e feijão. Por seis meses, a licitação tinha um custo orçado em R$ 98 mil.
Mesmo assumindo que a licitação estava superfaturada pela assessoria de Renan, os R$ 98 mil por seis meses ainda está muito abaixo dos R$ 290 mil pagos pelo Senado no ano passado para abastecer a residência quando estava lá o ex-presidente José Sarney. Com residência própria em Brasília, Sarney nem ocupava permanentemente a residência oficial. - Renan está almoçando no restaurante do Senado, pagando do próprio bolso. Sua esposa também está comendo fora. A licitação vai ser redimensionada para eliminar itens superfaturados e supérfluos.
Também vai haver corte na quantidade de camarão e outros itens. A ideia é cortar mais da metade do custo antes previsto e adequar as quantidades apenas para o presidente e sua esposa. Os servidores não mais farão suas refeições no local, porque recebem ticket alimentação - informou a assessoria de Renan. Em nota divulgada no final da tarde desta quinta-feira, a assessoria de imprensa do gabinete de Renan negou que falte alimentos na casa do presidente do Senado. Porém, no texto, a assessoria de imprensa confirma que a licitação anterior foi suspensa e diz que “uma nova licitação já está prevista para ocorrer”, sem explicar como ocorre o suprimento de alimentos nesse intervalo entre as licitações.
No pregão suspenso, a previsão era que a família Renan e convidados pudessem fazer muitos churrascos na residência oficial: 50 quilos de picanha, 54 quilos de linguiça, 50 quilos de carvão, 160 quilos de pão francês, além de 20 quilos de salmão e 55 quilos de queijos variados.
Embora reconhecidamente faturados, os gastos para abastecimento da residência oficial de Renan são modestos se comparados com os gastos contratados pelo governador do Ceará, Cid Gomes, para esse ano. De acordo com matéria publicada pelo GLOBO, o chamado “caviargate” de Cid foi mantido e prevê a contratação de um buffet, no valor de R$ 3,4 milhões, para abastecer a cozinha da residência oficial e o gabinete do governador com iguarias que incluem centenas de quilos do que há de mais fino na culinária internacional.
O edital publicado dia 1º de agosto diz que o contrato — que prevê também decoração e fornecimento de taças de cristal, arranjos com orquídeas, 700 garçons, 500 garçonetes e 15 chefs de cozinha — tem validade de um ano. Depois da publicação da matéria, Cid reclamou e disse que cortaria do cardápio todos os pratos com nome de iguarias sofisticadas, mas isso não implicaria na redução do valor contratado.
O cardápio previsto no edital para a contratação dos serviços prevê até 495 pratos diferentes, e se apresenta com uma variação de receitas preparadas com caviar, escargots, bacalhau, salmão, presunto de Parma, funghi, vieiras, frutos do mar, pães exóticos, croissants, toucinho do céu ou trufas. Ingredientes indispensáveis nas cozinhas dos grandes chefs.
Fonte: O GLobo